Passeata do PCM |
A VIII Sessão Plenária
do Comitê Central do Partido Comunista do México se reuniu na Cidade do México
nos dias 4 e 5 de setembro, para a qual foram convidados um conjunto de
quadros, secretários políticos de organizações regionais do PCM, bem como uma
delegação do Conselho Central da Federação de Jovens Comunistas.
A VIII Sessão Plenária
começou homenageando a camarada Tamila Yabrova, dirigente da União dos
Comunistas da Ucrânia, diretora da revista Marxismo e Época Contemporânea, ao
grande artista popular da Grécia e do mundo Mikis Theodorakis e ao camarada da
Federação dos Jovens Comunistas Alejandro Pech Quijano, recentemente falecidos.
O primeiro ponto da
agenda foi a discussão em torno do Relatório Político apresentado pelo Birô
Político. As seguintes questões foram abordadas nele:
A lamentável situação
sanitária, que atualmente ultrapassa 260.000 mortes, atingindo principalmente a
classe trabalhadora e os setores populares do México. A esse respeito, se
enfatizou que a realização de eleições federais para a renovação das duas Casas
do Parlamento foi o sinal de partida para o restabelecimento da normalidade do
processo produtivo e da exploração, portanto, medidas de prevenção e distância
sanitária foram deixadas para trás, o que acentuou a terceira onda de infecções
e que atinge especialmente os jovens trabalhadores. Nisso há uma grande
responsabilidade do governo López Obrador, que atuou a todo o momento para
proteger os lucros do capital, o poder dos monopólios e deixou à própria sorte
os trabalhadores e suas famílias.
Foi avaliada também a
crise econômica capitalista em curso, o acirramento dos antagonismos interimperialistas,
a acirrada competição entre EUA e China em todas as áreas. Como todo Partido
Comunista, o PCM considera continuar a sua preparação para um cenário em que
tais antagonismos se agravem para além dos aspectos diplomáticos, econômicos e
comerciais.
Foi feita uma avaliação
acerca dos acontecimentos contrarrevolucionários de 11 de julho em Cuba. Claro
que o PCM tem estado na primeira linha na defesa das conquistas socialistas da
Revolução Cubana e da sua soberania, condenando as provocações do imperialismo.
Não deixa de perceber, porém, que, embora minoritários, os grupos
contrarrevolucionários do interior têm aumentado em número, como resultado das
reformas prometedoras da chamada “atualização do modelo econômico socialista
cubano”. A experiência histórica nos mostra que o socialismo de mercado é a
erosão da construção socialista, e que esse curso 30 anos atrás resultou na
derrubada temporária da construção socialista na URSS. Transferimos
fraternalmente essas preocupações em vários intercâmbios bilaterais aos
camaradas do Partido Comunista de Cuba. Portanto, à luz dessas teses, o PCM
estudará com maior profundidade o desenrolar dos acontecimentos em Cuba,
expressando ao mesmo tempo sua solidariedade para com os comunistas cubanos.
Ao atingir a metade do
governo de López Obrador, confirmam-se as apreciações do Partido Comunista do
México de que se trata de um governo antitrabalhador e antipopular. A
militarização está se aprofundando, todos os compromissos com organizações
financeiras internacionais foram ratificados, o tratado interimperialista
Canadá-EUA-México, agora rebatizado de T-MEC, foi levado a um passo mais alto.
Obrador, em conluio com
Biden-Harris, agora lança uma nova onda de ataques contra a classe
trabalhadora, promovendo o modelo da chamada “liberdade sindical”, com um
primeiro investimento de 130 milhões de dólares para a compra do sindicalismo
mexicano, buscando promover assim o “pacto operário-patronal”.
Obrador, com base em
seus compromissos com Trump-Biden-Harris, continua uma feroz caça aos migrantes
da América Central e do Caribe, que se intensificou nos últimos dias contra
crianças, mulheres e homens haitianos. Além do fato de que, no interesse dos
monopólios, a expansão capitalista continua na base da desapropriação de terras
e territórios de povos indígenas com megaprojetos no Sudeste do país.
Havia uma expectativa
do espectro político que, até julho de 2018, conhecíamos como “esquerda
socialista”, de várias organizações, movimentos e franjas da intelectualidade
que justificavam seu apoio a Obrador, na esperança de reverter o
neoliberalismo. Mas todas as privatizações permaneceram intactas e os
beneficiários delas são figuras proeminentes do atual governo. Esse espectro
extinto da esquerda socialista ficou vergonhosamente em silêncio e
completamente desarmado ideológica e politicamente.
A questão de fundo é
que o neoliberalismo, o keynesianismo ou outras variantes são, afinal,
estritamente gestões do capitalismo. Colocar-se contra o neoliberalismo não é
se opor ao capitalismo, mas pretender o impossível, que é “humanizá-lo”. A
estratégia do “mal menor”, do “realismo político”, do possibilismo esqueceu a
importante lição de que as reformas são um resultado secundário da luta
revolucionária, da intensificação da luta de classes. Por isso estão
acorrentados a esta gestão capitalista e fazem parte da base de apoio à atual
dominação capitalista, que promove a desmobilização, a submissão e a ideia de
que os explorados são “escravos satisfeitos”.
A disputa interburguesa
que nos últimos dias teve mais um episódio na peça de apresentação da Carta de
Madrid, promovido pelo partido reacionário espanhol VOX, e que foi escrito pelo
Grupo Parlamentar do Partido da Ação Nacional no Senado da República. É um
documento anticomunista, anunciado com o objetivo de frear o comunismo no
México e em outros países. Ao contrário do que dizem esses partidos
anticomunistas, nem Obrador, nem o Grupo Puebla, nem o Fórum de São Paulo
expressam de forma alguma a opção pela Revolução Socialista, mas sim a defesa
da gestão socialdemocrata do capitalismo. Imediatamente, a partir de Obrador,
sua intelectualidade orgânica e ativistas se lançaram a agitar o monstro do
fascismo e convocando a unidade de todos para enfrentá-lo. O PCM considera que
o fascismo é um produto do capitalismo e que, no balanço histórico, a aliança
com as forças burguesas para combatê-lo é errada. Para nós, a luta contra a
gestão governamental socialdemocrata de Obrador faz parte da luta contra a
possibilidade da opção reacionária do fascismo. Nos últimos anos, os esforços
da socialdemocracia abriram as portas para opções mais reacionárias, como
Lula-Dilma, que pavimentou a chegada de Bolsonaro e outros exemplos. O PCM
sustenta que o caminho para a unidade da classe trabalhadora, da mulher
trabalhadora, da juventude e dos povos indígenas é um movimento antitruste e
anticapitalista para derrubar a burguesia e para que o poder seja exercido pela
classe trabalhadora. Nos últimos anos, as gestões socialdemocratas acabaram por
abrir as portas para opções mais reacionárias, como foi o caso do governo
Lula-Dilma, que pavimentou a chegada de Bolsonaro e outros exemplos. O PCM
sustenta que o caminho para a unidade da classe trabalhadora, da mulher
trabalhadora, da juventude e dos povos indígenas é um movimento antimonopolista
e anticapitalista para derrubar a burguesia e para que o poder seja exercido
pela classe trabalhadora.
O segundo item da
agenda da VIII Sessão Plenária foi o início dos preparativos para o VII
Congresso do Partido Comunista do México. Apesar do abrandamento que a pandemia
impôs a muitas das atividades, a vida orgânica do PCM e a sua intervenção
política conseguiram ultrapassar as dificuldades, de forma a que existam todas
as condições para a realização oportuna do seu Congresso nos termos do
Estatuto. Um primeiro passo para isso é a Conferência Nacional de Organização,
que será realizada em outubro na Cidade do México, e o III Congresso da
Federação de Jovens Comunistas, em dezembro. Entre as questões iniciais
levantadas, além do Relatório Político, as Teses Políticas sobre o
desenvolvimento da luta de classes internacional e nacional e as tarefas do PCM
até o VIII Congresso, o CC colocou a necessidade de apresentar conclusões sobre
os seguintes temas: Sobre as relações de produção prevalecentes na China, b)
Conclusão sobre a natureza de classe do progressismo, bem como o início do
estudo e as primeiros apreciações em torno da Quarta Revolução Industrial.
Assim o Partido
Comunista se prepara para realizar seu VII Congresso no segundo semestre de
2022, colocando sua perspectiva de avançar na tarefa da Revolução Socialista e
estabelecer as tarefas correspondentes.
Proletários de todos os países, uni-vos!
Cidade do México, 5 de setembro de 2021.
Edição: Que Fazer
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