1.5.21

A Obra de Lenin é Atual

Camaradas,

QUE FAZER é a expressão inicial de um processo coletivo de construção de um espaço de debates entre comunistas que rejeitam a política de subordinação ao capital praticada pela sua quinta-coluna no movimento operário - o reformismo socialdemocrata e suas variantes pequeno-burguesas - e se insurgem contra o oportunismo e o revisionismo de organizações, algumas auto-intituladas comunistas, que abrem mão da independência política e ideológica do proletariado no altar de “frentes de esquerda”  ou “antifascistas”, em defesa do que entendem como “democracia”  e “justiça social”. 

Um dos nossos objetivos é contribuir para a aproximação, o debate franco e o trabalho comum entre os que também reivindicam o marxismo-leninismo desde uma perspectiva revolucionária e internacionalista e que entendem que a derrubada do capitalismo e a conquista do socialismo – e deste ao comunismo – não será possível de forma pacífica e institucional e, muito menos, sem a presença de um combativo partido comunista enraizado no proletariado, inspirado no socialismo científico, com base em um verdadeiro centralismo democrático e uma firme unidade de ação, que não se deixe seduzir pela democracia burguesa nem afaste sua movimentação tática da estratégica socialista da Revolução Brasileira. 

Partimos da convicção de que a fase imperialista do capitalismo é a época das revoluções proletárias e de que vivemos nesta época uma sucessão de levantes proletários e revoluções socialistas, em função do agravamento das contradições entre o capital e o trabalho, da luta de classes no quadro de uma profunda crise de super produção e sobre acumulação de capital, de acirradas disputas interimperialistas e de uma pandemia que, como raras vezes na história, desnuda as mazelas do capitalismo, com o aumento do nível de exploração, do desemprego, da pobreza e da miséria. 

Essa tendência só poderá resultar em fatores positivos para a batalha pelo socialismo onde encontrarem uma vanguarda revolucionária com raízes nas lutas populares e operárias e com a determinação de levar a cabo a expropriação do poder das mãos da burguesia, a destruição de seu Estado e abolição da propriedade privada dos meios de produção e a construção da ditadura do proletariado, tendo como horizonte a sociedade sem classes. 

Na publicação inaugural deste espaço de debate, reproduzimos abaixo o pronunciamento de Giorgos Marinos, membro do Bureau Político do CC do KKE (Partido Comunista da Grécia), em uma recente Conferência dos Partidos da Iniciativa Comunista Europeia (ICE), celebrando o 151º aniversário de Lenin e resgatando a atualidade do seu pensamento.

1º de Maio de 2021

Conselho Editorial


A Obra de Lenin é Atual*


Estimados camaradas:

Este evento online da Iniciativa Comunista Europeia é dedicado ao 151º aniversário do nascimento do grande revolucionário Vladimir Ilyich Lenin e a sua obra valiosa.

O dirigente do partido bolchevique foi o fundador do Partido Comunista, o partido de Novo Tipo, o líder da Grande Revolução Socialista de outubro de 1917 que abalou o mundo, e dos primeiros anos de construção socialista. Ele foi o protagonista da fundação da Internacional Comunista que impulsionou a luta dos partidos comunistas e a estratégia comunista unificada.

Giorgos Marinos, Iniciativa Comunista Europeia


Rendemos honra a Lênin reconhecendo nossa responsabilidade de estudar e aprofundar sua obra, e em geral, nossa visão de mundo, o marxismo-leninismo, compreendendo mais profundamente que "Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário".

Armados com os princípios leninistas, podemos enfrentar as dificuldades da contra-revolução, continuar persistentemente a luta para superar a profunda crise ideológica, política e organizacional do movimento comunista, para conseguir seu reagrupamento revolucionário.

O capitalismo está podre. Está crescendo o fosso entre as possibilidades criadas pelo avanço científico e tecnológico e o grau de satisfação das necessidades populares.

Isso fica evidente pela intensificação da exploração, crises capitalistas, a nova crise de superacumulação de capital, desemprego e pobreza que a classe trabalhadora e as camadas populares estão experimentando em todo o mundo, em face do ataque generalizado do capital, dos governos liberais ou sociais democratas burgueses.

A pandemia e suas duras consequências para os povos, o colapso dos sistemas de saúde pública e comerciais, os milhões de mortos evidenciam os impasses do sistema.

Esses impasses também são sinalizados pelos planos militares e políticos dos Estados Unidos, da OTAN e da UE, as guerras imperialistas, as rivalidades com a Rússia e a China, em uma longa corrida pelo controle dos mercados, dos recursos naturais, das vias de transporte de energia, que advertem sobre novas e generalizadas guerras.

O objetivo da luta do partido revolucionário da luta de classes, segundo Lenin, era “dirigir a luta da classe trabalhadora não só para obter condições vantajosas condições de venda da força de trabalho, mas sim, para destruir o regime social que obriga os despossuídos vender-se aos ricos ”.

As tarefas dos partidos comunistas estão se multiplicando. É o momento de fortalecer o espírito crítico e autocrítico ao examinar a experiência acumulada, estudar mais profundamente as causas da contra-revolução, a história dos partidos comunistas, do movimento comunista, tirar conclusões e comprovar o nível de preparação revolucionária. Isso é o que nossa época exige como uma época de transição do capitalismo ao socialismo.

Alguns partidos comunistas passaram por muitas dificuldades e retrocessos e conseguiram lançar as bases da estratégia revolucionária, o que é um avanço importante.

No entanto, a luta pela derrubada do capitalismo, pelo poder dos trabalhadores, pela “ditadura do proletariado”, requer o fortalecimento ideológico e político dos partidos comunistas, generalização da estratégia revolucionária, laços fortes com a classe trabalhadora e as camadas populares, o papel protagonista no movimento operário e trabalho persistente para ganhar consciências, desviar forças da ideologia burguesa e do oportunismo.

Requer partidos comunistas fortes, com organização nas fábricas, nos centros de trabalho, capacidade de dirigir, de desenvolver a teoria baseada nos princípios do marxismo-leninismo para o estudo sistemático dos acontecimentos, dos novos fenômenos que surgem no sistema de exploração.

As condições objetivas determinarão quando e onde o "elo fraco" será quebrado e os comunistas devem estar bem preparados para que o fator subjetivo, o Partido Comunista, o movimento operário e a aliança social consigam estar à altura das circunstâncias.

A discussão, o debate no movimento comunista sobre o caráter da revolução é crucial. Na época dos monopólios, do imperialismo, amadureceram as condições materiais para a sociedade socialista-comunista, o caráter da revolução é objetivamente socialista, não se determina pela correlação de forças, mas sim, pelos interesses da classe trabalhadora que está no palco da História, por causa da contradição básica que deve ser resolvida, a contradição capital-trabalho.

A velha estratégia de "estágios intermediários de transição" custou muito caro ao movimento comunista, confinando a luta ao domínio do capitalismo. O poder será burguês ou operário; não houve e nunca haverá uma terceira via. Abandonar o poder dos trabalhadores e ter como objetivo criar as chamadas “frentes antifascistas e antineoliberais”, governos “antimonopolistas”, “de esquerda”, “progressistas” significa perpetuar o sistema de exploração. Isso foi demonstrado pela experiência na América Latina e a nível internacional.

As colaborações políticas com a socialdemocracia, o apoio ou participação em governos socialdemocratas de qualquer tipo, afetam o curso dos partidos comunistas, sua independência política e ideológica, conduzem à manipulação do movimento operário, o deixam desarmado, são um elemento da crise do movimento comunista.

O confronto de Lenin com o "governo provisório" após a revolução burguesa de fevereiro de 1917, o debate nos sovietes e as "Teses de Abril" assinalam o caminho do enfrentamento constante com as forças burguesas e oportunistas como condição para a preparação da revolução socialista.

O debate no movimento comunista é necessário e diz respeito a todas as questões importantes. Existem pontos de vista que limitam o significado do imperialismo na política externa agressiva dos EUA, separando a política da economia.

Lenin, ao estudar o desenvolvimento do capitalismo, sublinhou que o imperialismo é o capitalismo monopolista, a última fase do sistema em que se formam as condições materiais e se destaca a necessidade da derrubada revolucionária, a construção do modo de produção comunista.

Demonstrou que o acirramento da contradição básica entre o caráter social da produção e a apropriação capitalista de seus resultados, caracteriza todos os estados capitalistas, independentemente da posição que ocupem no sistema imperialista internacional. Advertiu que “sem ter compreendido as raízes econômicas desse fenômeno, sem ter percebido sua importância política e social, é impossível dar o menor passo para a solução das tarefas práticas do movimento comunista e da revolução social que se avizinha."

Utilizando a teoria leninista como ferramenta, podemos analisar a competição que se manifesta a nível internacional, o caráter das organizações imperialistas, como são a União Europeia, os BRICS e outras, no centro das quais estão os monopólios.

Segue muito atual a polêmica de Lenin contra a corrente oportunista e suas variantes, o "pacifismo" e o "social-chauvinismo" que colaborou com as classes burguesas dos Estados em guerra durante a Primeira Guerra Mundial, o que levou à falência da Segunda Internacional.

A guerra se produz em condições de “paz imperialista”, é a “continuação da política por outros meios violentos”. É imperialista de ambos os lados, independentemente de qual seja o estado capitalista que primeiro iniciou a guerra e a luta deve ser desenvolvida contra a causa da guerra, deve estar dirigida a criar as condições prévias para a derrubada do poder da burguesia.

Estimados camaradas:

Defendemos o primeiro esforço de construção do socialismo no século 20. Sua contribuição é de importância histórica. A exploração do homem pelo homem foi abolida. Foram criadas instituições que asseguravam a participação dos trabalhadores na construção da nova sociedade.

Apesar das fraquezas, erros e desvios que levaram à sua derrocada mediante a erosão oportunista dos partidos comunistas e da contra-revolução, sua superioridade em comparação à barbárie capitalista foi demonstrada na prática. Ficou evidente através das conquistas populares, do estabelecimento do direito ao trabalho estável e da abolição do desemprego, do sistema público de saúde desenvolvido e da educação verdadeira e gratuita, da igualdade da mulher, das conquistas na cultura e nos esportes.

Assim como através da contribuição para a abolição do colonialismo, do papel decisivo na vitória antifascista dos povos, na Segunda Guerra Mundial, do internacionalismo proletário, da solidariedade e do apoio dos povos contra a agressão imperialista.

A revolução e a construção socialistas são regidas por princípios, por leis científicas.

O poder dos trabalhadores abre o caminho para a socialização dos meios de produção e a planificação científica central para a satisfação das necessidades sociais contemporâneas, em um esforço constante para desenvolver as relações de produção comunistas.

A violação dos princípios da construção socialista-comunista e a utilização de métodos capitalistas custam caro, como ficou demonstrado na restauração capitalista da União Soviética e nos outros países que construíram o socialismo.

No marco da contra-revolução, a doutrina fracassada do "caminho nacional para o socialismo" é levantada novamente. Procura-se minar as leis científicas de construção da nova sociedade por meio do chamado “socialismo de mercado”. Se apresenta como socialismo uma caricatura deste, que o nega, como fica evidente no chamado “socialismo com características chinesas”.

No entanto, na China, há anos, têm predominado as relações capitalistas de produção sob a responsabilidade do partido comunista. Sua base econômica é baseada em monopólios, grandes grupos econômicos; o estado opera como um "capitalista coletivo". A força de trabalho é uma mercadoria, a classe trabalhadora sofre um alto grau de exploração e nesta base surgiram mais de 400 bilionários. Uma grande quantidade de capital é exportada para todos os continentes e a China desempenha um papel protagonista na competição imperialista.

O chamado "Socialismo do século XXI" é falso; questiona o papel de vanguarda revolucionária da classe trabalhadora, pressupõe a preservação do estado burguês - que deve ser derrubado -, a perpetuação do poder e da propriedade capitalistas.

O socialismo-comunismo nada tem a ver com as empresas capitalistas, o mercado, o critério do lucro e a exploração do homem pelo homem que os comunistas lutam para abolir.

A planificação científica central dos meios de produção socializados é a base da superioridade do novo sistema e pode desenvolver ainda mais as forças produtivas.

Não há espaço para demoras. A contra-revolução continua e, portanto, para os partidos comunistas, os comunistas, que acreditam no socialismo-comunismo, é  imprescindível que defendam os princípios marxista-leninistas de construção da nova sociedade.

Caso contrário, as consequências serão mais dolorosas, a assimilação ao sistema acontecerá rapidamente, a crise do movimento comunista internacional se aprofundará e as responsabilidades históricas serão grandes.

O KKE elaborou uma estratégia revolucionária contemporânea, está estudando sua história, está na vanguarda da luta de classes, mas não é complacente. Insiste no esforço de fortalecer os laços combativos com a classe trabalhadora, com os setores populares das classes médias nas áreas urbanas, com os camponeses pobres. Luta pela construção de organizações do Partido nas fábricas, nos centros de trabalho, em setores de importância estratégica, pelo reagrupamento do movimento operário e da aliança social, em choque com os monopólios e o capitalismo, para sua derrubada. Essas questões serão tratadas pelos comunistas na Grécia no XXI Congresso do KKE, em junho.

Seguimos o caminho traçado por Lênin e a Revolução Socialista de Outubro. Desta forma, prestamos homenagem à grande história revolucionária e heroica do movimento comunista.

* Discurso introdutório na Teleconferência dos partidos da Iniciativa Comunista Europeia (ICE) dedicada a Lenin e à atualidade de sua obra, 22 de abril de 2021.

Fonte: https://inter.kke.gr/es/articles/La-obra-de-Lenin-es-actual/





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