Camaradas,
QUE FAZER é a expressão inicial de um processo coletivo de construção de um espaço de debates entre comunistas que rejeitam a política de subordinação ao capital praticada pela sua quinta-coluna no movimento operário - o reformismo socialdemocrata e suas variantes pequeno-burguesas - e se insurgem contra o oportunismo e o revisionismo de organizações, algumas auto-intituladas comunistas, que abrem mão da independência política e ideológica do proletariado no altar de “frentes de esquerda” ou “antifascistas”, em defesa do que entendem como “democracia” e “justiça social”.
Um dos nossos objetivos é contribuir para a aproximação, o debate franco e o trabalho comum entre os que também reivindicam o marxismo-leninismo desde uma perspectiva revolucionária e internacionalista e que entendem que a derrubada do capitalismo e a conquista do socialismo – e deste ao comunismo – não será possível de forma pacífica e institucional e, muito menos, sem a presença de um combativo partido comunista enraizado no proletariado, inspirado no socialismo científico, com base em um verdadeiro centralismo democrático e uma firme unidade de ação, que não se deixe seduzir pela democracia burguesa nem afaste sua movimentação tática da estratégica socialista da Revolução Brasileira.
Partimos da convicção de que a fase imperialista do capitalismo é a época das revoluções proletárias e de que vivemos nesta época uma sucessão de levantes proletários e revoluções socialistas, em função do agravamento das contradições entre o capital e o trabalho, da luta de classes no quadro de uma profunda crise de super produção e sobre acumulação de capital, de acirradas disputas interimperialistas e de uma pandemia que, como raras vezes na história, desnuda as mazelas do capitalismo, com o aumento do nível de exploração, do desemprego, da pobreza e da miséria.
Essa tendência só poderá resultar em fatores positivos para a batalha pelo socialismo onde encontrarem uma vanguarda revolucionária com raízes nas lutas populares e operárias e com a determinação de levar a cabo a expropriação do poder das mãos da burguesia, a destruição de seu Estado e abolição da propriedade privada dos meios de produção e a construção da ditadura do proletariado, tendo como horizonte a sociedade sem classes.
Na publicação inaugural deste espaço de debate, reproduzimos abaixo o pronunciamento de Giorgos Marinos, membro do Bureau Político do CC do KKE (Partido Comunista da Grécia), em uma recente Conferência dos Partidos da Iniciativa Comunista Europeia (ICE), celebrando o 151º aniversário de Lenin e resgatando a atualidade do seu pensamento.
1º de Maio de 2021
Conselho Editorial
A Obra de Lenin é Atual*
Estimados camaradas:
Este evento online da
Iniciativa Comunista Europeia é dedicado ao 151º aniversário do nascimento do
grande revolucionário Vladimir Ilyich Lenin e a sua obra valiosa.
O dirigente do partido
bolchevique foi o fundador do Partido Comunista, o partido de Novo Tipo, o
líder da Grande Revolução Socialista de outubro de 1917 que abalou o mundo, e
dos primeiros anos de construção socialista. Ele foi o protagonista da fundação
da Internacional Comunista que impulsionou a luta dos partidos comunistas e a
estratégia comunista unificada.
Giorgos Marinos, Iniciativa Comunista Europeia |
Rendemos honra a Lênin
reconhecendo nossa responsabilidade de estudar e aprofundar sua obra, e em
geral, nossa visão de mundo, o marxismo-leninismo, compreendendo mais
profundamente que "Sem teoria revolucionária não há movimento
revolucionário".
Armados com os princípios
leninistas, podemos enfrentar as dificuldades da contra-revolução, continuar
persistentemente a luta para superar a profunda crise ideológica, política e
organizacional do movimento comunista, para conseguir seu reagrupamento
revolucionário.
O capitalismo está podre.
Está crescendo o fosso entre as possibilidades criadas pelo avanço científico e
tecnológico e o grau de satisfação das necessidades populares.
Isso fica evidente pela
intensificação da exploração, crises capitalistas, a nova crise de
superacumulação de capital, desemprego e pobreza que a classe trabalhadora e as
camadas populares estão experimentando em todo o mundo, em face do ataque
generalizado do capital, dos governos liberais ou sociais democratas burgueses.
A pandemia e suas duras
consequências para os povos, o colapso dos sistemas de saúde pública e
comerciais, os milhões de mortos evidenciam os impasses do sistema.
Esses impasses também são
sinalizados pelos planos militares e políticos dos Estados Unidos, da OTAN e da
UE, as guerras imperialistas, as rivalidades com a Rússia e a China, em uma
longa corrida pelo controle dos mercados, dos recursos naturais, das vias de
transporte de energia, que advertem sobre novas e generalizadas guerras.
O objetivo da luta do
partido revolucionário da luta de classes, segundo Lenin, era “dirigir a luta
da classe trabalhadora não só para obter condições vantajosas condições de venda
da força de trabalho, mas sim, para destruir o regime social que obriga os despossuídos
vender-se aos ricos ”.
As tarefas dos partidos
comunistas estão se multiplicando. É o momento de fortalecer o espírito crítico
e autocrítico ao examinar a experiência acumulada, estudar mais profundamente
as causas da contra-revolução, a história dos partidos comunistas, do movimento
comunista, tirar conclusões e comprovar o nível de preparação revolucionária.
Isso é o que nossa época exige como uma época de transição do capitalismo ao
socialismo.
Alguns partidos comunistas
passaram por muitas dificuldades e retrocessos e conseguiram lançar as bases da
estratégia revolucionária, o que é um avanço importante.
No entanto, a luta pela
derrubada do capitalismo, pelo poder dos trabalhadores, pela “ditadura do
proletariado”, requer o fortalecimento ideológico e político dos partidos
comunistas, generalização da estratégia revolucionária, laços fortes com a
classe trabalhadora e as camadas populares, o papel protagonista no movimento
operário e trabalho persistente para ganhar consciências, desviar forças da
ideologia burguesa e do oportunismo.
Requer partidos comunistas
fortes, com organização nas fábricas, nos centros de trabalho, capacidade de
dirigir, de desenvolver a teoria baseada nos princípios do marxismo-leninismo
para o estudo sistemático dos acontecimentos, dos novos fenômenos que surgem no
sistema de exploração.
As condições objetivas
determinarão quando e onde o "elo fraco" será quebrado e os
comunistas devem estar bem preparados para que o fator subjetivo, o Partido
Comunista, o movimento operário e a aliança social consigam estar à altura das
circunstâncias.
A discussão, o debate no
movimento comunista sobre o caráter da revolução é crucial. Na época dos
monopólios, do imperialismo, amadureceram as condições materiais para a
sociedade socialista-comunista, o caráter da revolução é objetivamente
socialista, não se determina pela correlação de forças, mas sim, pelos
interesses da classe trabalhadora que está no palco da História, por causa da
contradição básica que deve ser resolvida, a contradição capital-trabalho.
A velha estratégia de
"estágios intermediários de transição" custou muito caro ao movimento
comunista, confinando a luta ao domínio do capitalismo. O poder será burguês ou
operário; não houve e nunca haverá uma terceira via. Abandonar o poder dos
trabalhadores e ter como objetivo criar as chamadas “frentes antifascistas e
antineoliberais”, governos “antimonopolistas”, “de esquerda”, “progressistas”
significa perpetuar o sistema de exploração. Isso foi demonstrado pela
experiência na América Latina e a nível internacional.
As colaborações políticas
com a socialdemocracia, o apoio ou participação em governos socialdemocratas de
qualquer tipo, afetam o curso dos partidos comunistas, sua independência
política e ideológica, conduzem à manipulação do movimento operário, o deixam
desarmado, são um elemento da crise do movimento comunista.
O confronto de Lenin com o
"governo provisório" após a revolução burguesa de fevereiro de 1917,
o debate nos sovietes e as "Teses de Abril" assinalam o caminho do
enfrentamento constante com as forças burguesas e oportunistas como condição
para a preparação da revolução socialista.
O debate no movimento
comunista é necessário e diz respeito a todas as questões importantes. Existem
pontos de vista que limitam o significado do imperialismo na política externa
agressiva dos EUA, separando a política da economia.
Lenin, ao estudar o
desenvolvimento do capitalismo, sublinhou que o imperialismo é o capitalismo
monopolista, a última fase do sistema em que se formam as condições materiais e
se destaca a necessidade da derrubada revolucionária, a construção do modo de
produção comunista.
Demonstrou que o acirramento
da contradição básica entre o caráter social da produção e a apropriação
capitalista de seus resultados, caracteriza todos os estados capitalistas,
independentemente da posição que ocupem no sistema imperialista internacional.
Advertiu que “sem ter compreendido as raízes econômicas desse fenômeno, sem ter
percebido sua importância política e social, é impossível dar o menor passo
para a solução das tarefas práticas do movimento comunista e da revolução
social que se avizinha."
Utilizando a teoria
leninista como ferramenta, podemos analisar a competição que se manifesta a
nível internacional, o caráter das organizações imperialistas, como são a União
Europeia, os BRICS e outras, no centro das quais estão os monopólios.
Segue muito atual a polêmica
de Lenin contra a corrente oportunista e suas variantes, o "pacifismo"
e o "social-chauvinismo" que colaborou com as classes burguesas dos Estados
em guerra durante a Primeira Guerra Mundial, o que levou à falência da Segunda
Internacional.
A guerra se produz em
condições de “paz imperialista”, é a “continuação da política por outros meios
violentos”. É imperialista de ambos os lados, independentemente de qual seja o
estado capitalista que primeiro iniciou a guerra e a luta deve ser desenvolvida
contra a causa da guerra, deve estar dirigida a criar as condições prévias para
a derrubada do poder da burguesia.
Estimados camaradas:
Defendemos o primeiro
esforço de construção do socialismo no século 20. Sua contribuição é de
importância histórica. A exploração do homem pelo homem foi abolida. Foram criadas
instituições que asseguravam a participação dos trabalhadores na construção da
nova sociedade.
Apesar das fraquezas, erros
e desvios que levaram à sua derrocada mediante a erosão oportunista dos
partidos comunistas e da contra-revolução, sua superioridade em comparação à
barbárie capitalista foi demonstrada na prática. Ficou evidente através das
conquistas populares, do estabelecimento do direito ao trabalho estável e da
abolição do desemprego, do sistema público de saúde desenvolvido e da educação
verdadeira e gratuita, da igualdade da mulher, das conquistas na cultura e nos
esportes.
Assim como através da
contribuição para a abolição do colonialismo, do papel decisivo na vitória
antifascista dos povos, na Segunda Guerra Mundial, do internacionalismo
proletário, da solidariedade e do apoio dos povos contra a agressão
imperialista.
A revolução e a construção socialistas
são regidas por princípios, por leis científicas.
O poder dos trabalhadores
abre o caminho para a socialização dos meios de produção e a planificação
científica central para a satisfação das necessidades sociais contemporâneas,
em um esforço constante para desenvolver as relações de produção comunistas.
A violação dos princípios da
construção socialista-comunista e a utilização de métodos capitalistas custam
caro, como ficou demonstrado na restauração capitalista da União Soviética e
nos outros países que construíram o socialismo.
No marco da
contra-revolução, a doutrina fracassada do "caminho nacional para o
socialismo" é levantada novamente. Procura-se minar as leis científicas de
construção da nova sociedade por meio do chamado “socialismo de mercado”. Se
apresenta como socialismo uma caricatura deste, que o nega, como fica evidente
no chamado “socialismo com características chinesas”.
No entanto, na China, há
anos, têm predominado as relações capitalistas de produção sob a
responsabilidade do partido comunista. Sua base econômica é baseada em
monopólios, grandes grupos econômicos; o estado opera como um "capitalista
coletivo". A força de trabalho é uma mercadoria, a classe trabalhadora
sofre um alto grau de exploração e nesta base surgiram mais de 400 bilionários.
Uma grande quantidade de capital é exportada para todos os continentes e a
China desempenha um papel protagonista na competição imperialista.
O chamado "Socialismo
do século XXI" é falso; questiona o papel de vanguarda revolucionária da
classe trabalhadora, pressupõe a preservação do estado burguês - que deve ser
derrubado -, a perpetuação do poder e da propriedade capitalistas.
O socialismo-comunismo nada
tem a ver com as empresas capitalistas, o mercado, o critério do lucro e a
exploração do homem pelo homem que os comunistas lutam para abolir.
A planificação científica
central dos meios de produção socializados é a base da superioridade do novo
sistema e pode desenvolver ainda mais as forças produtivas.
Não há espaço para demoras.
A contra-revolução continua e, portanto, para os partidos comunistas, os
comunistas, que acreditam no socialismo-comunismo, é imprescindível que defendam os princípios
marxista-leninistas de construção da nova sociedade.
Caso contrário, as
consequências serão mais dolorosas, a assimilação ao sistema acontecerá
rapidamente, a crise do movimento comunista internacional se aprofundará e as responsabilidades
históricas serão grandes.
O KKE elaborou uma
estratégia revolucionária contemporânea, está estudando sua história, está na
vanguarda da luta de classes, mas não é complacente. Insiste no esforço de
fortalecer os laços combativos com a classe trabalhadora, com os setores
populares das classes médias nas áreas urbanas, com os camponeses pobres. Luta
pela construção de organizações do Partido nas fábricas, nos centros de trabalho,
em setores de importância estratégica, pelo reagrupamento do movimento operário
e da aliança social, em choque com os monopólios e o capitalismo, para sua
derrubada. Essas questões serão tratadas pelos comunistas na Grécia no XXI
Congresso do KKE, em junho.
Seguimos o caminho traçado
por Lênin e a Revolução Socialista de Outubro. Desta forma, prestamos homenagem
à grande história revolucionária e heroica do movimento comunista.
* Discurso introdutório na Teleconferência dos partidos da Iniciativa Comunista Europeia (ICE) dedicada a Lenin e à atualidade de sua obra, 22 de abril de 2021.
Fonte: https://inter.kke.gr/es/articles/La-obra-de-Lenin-es-actual/
Nenhum comentário:
Postar um comentário